quinta-feira, 4 de março de 2010



fico mais jovem com os cabelos escuros
com as unhas da cor da moda
usando vestidinhos cor de rosa.

fico mais jovem de mãos dadas
com a voz mais aguda
ansiosa pra ele chegar.

fico mais jovem no fim de semana
e durante a semana toda
se acordo no ombro dele.

fico mais jovem e a jovialidade me basta
mais que um poema-katana
mais que qualquer teogonia sórdida
mais que saber que a arte é
sem função pré-determinada
a jovialidade me basta e eu comungo disso em vez
de escrever um poema.

voltei a estudar violão.
larguei os livros de filosofia.
estou de férias até 29 de março.
faço aniversário segunda-feira.
vou fazer uma festinha no domingo.
escrever atrai mulheres...
de fato.
mulheres, queridas, não se atraiam por mim.
não enquanto eu estiver no colo dele.
amigos, queridos, tragam um fuminho aqui pra casa.
vou fazer um rango vegetariano.
vou fazer uma caipirinha.
aqui na minha casa em que habitam pessoas de verdade.
com corações de verdade.
que escrevem e pintam nas paredes.
que fumam seus cigarros (e os meus).
que riem quando cai um pedaço do reboco do teto (é a vida).
todo o trauma da vida não é maior que não ter amado, não ter sido amado.
e, aqui na minha casa, de verdade, ama-se.

Um comentário:

  1. É difícil para mim entender os seus poemas. Às vezes, beira o impossível. Quando você acerta quando você realmente acerta, tuas palavras transcendem o entendimento. É como se elas atingissem o coração (por falta de termo melhor) em cheio, sem passar pelo estágio intermediário do cérebro. É o caso.

    Para mim, que escrevo com a mente e que, na minha escrita, miro sobretudo em direção à mente, isso é altamente perturbador. Como os orgasmos múltiplos.

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