até que ele conheceu alguém que lhe abriu as grades. alguém que era homeopatia. alguém que lhe deu a mão. alguém que o levou a uma bela cachoeira. alguém que lhe preparou um jantar à luz de velas. era vegetariana. era budista.
ele não queria morrer mais.
ele foi dirigindo até o alto da montanha para gritar lá de cima que não queria morrer mais. olhava para a floresta e, no meio-fio, o espiavam as garrafas plásticas abandonadas. percebeu-as. notou que as garrafinhas azuis formavam um corredor iluminado para fora da pista. resolveu seguir. por entre as árvores, os pedaços de plástico reluziam. resolveu descer do carro e foi.
ela ficou cerca de dois meses esperando que ele voltasse, mas não.
ela tentou se atirar da janela com grades. ela tentou tomar uma cartela de comprimidos vencidos. ela tentou cortar os pulsos com uma faca sem serra. ela se jogou na frente de um carro poucos segundos antes do sinal fechar. ela foi socorrida pelos maconheiros na sete quedas. ela arrebentou o galho do flamboyant com a corda que amarrou no pescoço. ela pediu a buda que lhe tirasse a vida.
ela não queria morrer de fato.
mas foi uma história de amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário